Pornografia com o dinheiro do trabalhador é produto da Lei Rouanet e da era Collor
João Eduardo Lima
Editor e criador dos blogs TV em Análise

Fotos Globo Filmes, Revista Fórum e Diário do Centro do Mundo
De cada dez filmes brasileiros que se produziram após a retomada de 1993-94, nove foram financiados às custas do Erário público, seja ele Federal, dos Estados ou de alguns municípios. A aberração maior vem quando aparecem como investidores empresas estatais como a Caixa Econômica Federal, Petrobras, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que aportaram quantias significativas no período até mesmo para produções indicadas ao Oscar como Central do Brasil e séries televisivas de redes abertas e pagas. O sr. já imaginaria a novela Pai Herói, em 1979, já financiada com as estampas dessas estatais e também do BRDE (Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul)? Seria um escárnio!
É no mínimo estarrecedor que se gaste dinheiro do trabalhador com o financiamento de produções como Faroeste Caboclo, cujas renúncias fiscais a Rede Globo escondeu. Vá pesquisar reprise desse filme em algum canal pago que você encontra ou na TNT ou no Space. Ou até no Canal Brasil, da própria Globo, via Globosat. Lá se encontram, além do BNDES e da Caixa, as digitais da Riofilme, empresa de cinema controlada pela Secretaria de Cultura do Município do Rio de Janeiro. Dinheiro do povo usado para adaptação de música da Legião Urbana! O mestre Renato Russo deve estar se contorcendo na tumba de tanta vergonha com esse descalabro!
Não tenho nada contra o cinema brasileiro atual, mas expresso minha preocupação com a (desculpem o termo) suruba, orgia de recursos públicos chancelados pela Agência Nacional de Cinema, a Ancine, (que regula até o funcionamento dos canais pagos, pasmem!) contra o bolso dos trabalhadores da cidade e do campo! É um descalabro o que estão fazendo com a coisa pública! Dinheiro que deveria ir para hospitais, escolas e segurança pública financiando blockbuster? Isso não se faz em democracias sérias como Estados Unidos, a França da recém eleita Miss Universo Iris Mittenaere e Reino Unido! No primeiro caso, há comissões estaduais de cinema que financiam determinadas produções. Nos outros, as agências nacionais respectivas. E me pergunto: o sr., a sra. já viram o nome da Nestlé e da L’Oreal Paris como produtoras de filme francês?
Tal aberração que mantém o cinema brasileiro vivo respirando por aparelhos só se tornou possível em 15 de março de 1990, quando o recém-empossado presidente Fernando Collor, hoje senador pelo PTN de Alagoas, acabou com a Embrafilme (Empresa Brasileira de Filmes), órgão estatal que dava fomento à produção cinematográfica nacional, tendo como órgão regulador,o Concine (Conselho Nacional de Cinema), que Collor também implodiu para atender desejo das exibidoras estrangeiras cá estabelecidas. E as nossas? Em que pé ficariam? Foram para a mendicância de financiamento em bancos.
Esqueça Faroeste Caboclo um instante e vá para Heleno. Quem estava entre os financiadores? A EBX, do sr. Eike Batista, na cadeia por integrar a quadrilha do ex-governador Sérgio Cabral Filho (PMDB), especializada em desviar recursos de áreas essenciais para drenar ostentações escabrosas na Europa às custas do contribuinte fluminense. O resultado está nos elefantes brancos que ficaram da Copa do Mundo FIFA de 2014 e da Olimpíada e Paraolimpíada do ano passado. E nem me venham com essa conversa de Porto de Mariel, Venezuela, metrô de Buenos Aires, et caterva.
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