O reboot de Raízes e a opressão moderna da Casa Grande sobre a Senzala

Casey Crafford/A+E Networks/Divulgação
O escravo africano começando a encarar o escravizador branco e colonizador europeu
Em tempos de tensões e distensões políticas entre o ex-governo da presidenta cassada Dilma Rousseff e a antiga oposição enrustida de governo golpista com líderes metidos até o cangote na Operação Lava Jato, a regravação da minissérie Roots (Raízes) que o canal pago History exibiu entre a segunda-feira (17) e a quinta-feira (20) tem muito da opressão da era Temer contra as conquistas sociais obtidas neste país durante 13 anos. Não estou aqui fazendo ologia ao PT ou a qualquer partido, mas a sentença introdutória ajuda a compreender.

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Steve Dietl/A+E Networks/Divulgação
Não estou aqui escrevendo besteiras quando comparo a crueza da primeira noite da minissérie, regada a cenas sangrentas de perseguições a escravos nos campos da Virgínia e mortes em navio negreiro com a crueldade que o governo golpista e ilegítimo de Michel Temer trata o trabalhador brasileiro da cidade e do campo. Sem desmerecer os méritos de produção e os esforços doa atores empregados, a reedição de Raízes é uma pancada moral nos “País Heróis” do neoliberalismo residente em determinados órgãos da imprensa nativa.
E por que falo dessa coisa política numa crítica sobre uma minissérie tão acurada e apurada de pesquisa que lhe rendeu sete indicações ao 68º Primetime Emmy realizado nos dias 10, 11 e 18 de setembro? Para fazer com que o leitor entenda, não através das atuações de gente como James Purefoy, Laurence Fishburne e outros, mas através da metalinguística das imagens e de sua edição, assim como a agilidade do trabalho de câmera e da direção de fotografia, como a perseguição aos trabalhadores da cidade e do campo soa atual.
Na noite dois, elencada na Revolução Americana de 1782, o destaque vai para a atuação escamoteada de Jonathan Rhys Meyers (The Tudors, Drácula), como um senhor da Casa Grande (não relacionada à obra do saudoso Gilberto Freyre, 1900-1987) interessado em comprar escravo trazido da Gâmbia, na África, em boas condições sanitárias, tal qual em deturpar manchetes e matérias de nossa mídia velhaca. Semelhanças com o método de Ali Kamel e a novela Escrava Mãe? Existem muitas, mas não cabem aqui. Até domingo.
Publicação simultânea com o caderno Notícia da TV do Jornal Meio Norte que circula no domingo (23/10)