A paciência de Ari Emanuel com as ofensas de Rodrigo Duterte chegou ao limite extremo
João Eduardo Lima
Editor e criador dos blogs TV em Análise

Reprodução/ABS-CBN/20.09.2016
Presidente filipino pode estar colhendo a antipatia que já plantou
Na percepção da WME/IMG, empresa que administra desde 14 de setembro de 2015 os interesses do concurso de Miss Universo, a paciência com o presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, 71, chegou ao fim. As reiteradas ofensas do chefe de Estado e Governo do país asiático ao presidente norte-americano Barack Obama e à comunidade judaica foram recebidas com profundo mal-estar pelo sócio-proprietário do grupo, Ari Emanuel, 55, que mandou parar as negociações dom o Departamento de Turismo do país, o DOT, na sigla em inglês. Matéria publicada na manhã desta sexta-feira (7) pelo jornal Inquirer expõe a gravíssima preocupação da WME/IMG com a situação política das Filipinas, criada após a posse de Duterte, em julho, com uma violenta política de repressão a traficantes de drogas baseada no extermínio de dependentes químicos. Essa é apenas uma coisa.
De acordo com a reportagem, a desistência da WME/IMG em realizar o Miss Universo 2016 nas Filipinas estaria se devendo, além da questão política, a questões de segurança das candidatas e a falta de pagamento da taxa de franquia por parte do Comitê Organizador Filipino (PHC, na sigla em inglês). Em coletiva realizada na terça-feira (4), as diretoras do DOT Wanda Teo e Katherine “Kat” de Castro negaram esses rumores e diziam estar em francas negociações com a Miss Universe Organization, entidade que organiza o Miss Universo controlada pela WME/IMG, dona também da liga de MMA UFC, que tinha etapa marcada para este mês no país, mas foi adiada devido à contusão de um dos lutadores que estavam programados.
Outra razão, e essa bem mais grave, reside no fato de Emanuel e sua família serem judeus. Numa de suas tiradas verborrágicas, Duterte disse se comparar ao ditador alemão Adolf Hitler na política nazista de extermínio de judeus na Segunda Guerra Mundial (1939-1945) em relação à sua política assassina de combate aos viciados em drogas, condenada por entidades de direitos humanos como a Anistia Internacional. Emanuel e seu sócio, Patrick Whitesell, já teriam aconselhado diretores da MUO a não conversarem com mais ninguém do governo de Manila e assim preservarem o certame de mais um constrangimento, pior que o verificado em 2010 nas negociações fracassadas com a cidade boliviana de Santa Cruz de la Sierra para sediar o certame.
Grosso modo e, independente da posição a ser adotada pela MUO, a Organização Miss Brasil Universo e a Rede Bandeirantes já estão cientes dos problemas que envolvem a pessoa de Duterte e do governo filipino para a realização do Miss Universo 2016. Não é o TV em Análise Críticas que está dizendo, é a WME/IMG, que agora tentará marcar o mais rápido possível o Miss Universo 2016 para outro país. A data não poderá mais ser mudada: vai ficar em 29 de janeiro de 2017, independente de que cidade vier a ser escolhida. Nos bastidores, a Miss Brasil 2016 Raíssa Santana, 21, tem sido orientada a não falar na questão sensível do Miss Universo 2016, que já obrigou a Band a abrir espaço para matérias atacando Duterte em seus telejornais.
De acordo com o DOT, o Miss Universo 2016 estava cotado para acontecer no Mall of Asia Arena em Pasay (região metropolitana de Manila). Com as ofensas de Duterte a Obama, aos judeus, ao apresentador Steve Harvey, à União Europeia e às entidades de direitos humanos, a coisa corre sério risco de, no comunicado oficial que a MUO distribuir a partir da segunda-feira (10) à imprensa e às 107 coordenações nacionais, mudar de figura.
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