Terrorismo psicológico de Caroline Kennedy e Maria Shriver contra emissoras americanas por minissérie reforça porção carlista da lenda de Camelot; herdeira de políticos não vai passar o trator contra as programadoras de TV paga do Brasil
João Eduardo Lima
Editor e criador dos blogs TV em Análise
Katie Holmes e Greg Kinnear, proibidos de disputar o Emmy do horário nobre: Massachusetts não é o Palácio da Ondina
Muito trabalho por (praticamente) nada. É assim que se resume a tentativa inútil de emplacar a minissérie The Kennedys junto às principais redes e canais pagos americanos, depois que o History Channel local passou-lhe a faca da grade. Internacionalmente, a coisa já parece estar resolvida, a não ser que Caroline Kennedy, herdeira da família do ex-presidente americano John F. Kennedy e Maria Shriver, ex-primeira-dama da Califórnia, saquem dos seus celulares para intimidarem a HBO Latin America, programadora do History para o Brasil. Seria a mesma coisa que, na chincha, resssucitar a famigerada Solange Fernandez da Censura Federal para impedir a Katie Holmes de agarrar uma indicação ao 63º Primetime Emmys na área de minissérie ou telefilme.
Com expedientes que mais remetem aos piores anos do carlismo pefelista-demotucano da Bahia, Caroline Kennedy quer impedir seus compatriotas de assistir ao que eles mesmos chamam de televisão-arte. Certo que Kennedys, de tão dramática que é, não seja lá a filiosofia do History Channel. Nem das outras quatro emissoras, canais pagos ou operadoras que já recusaram a trama. A saber: Starz, Showtime, FX e DirecTV.
“Eu penso que é como censura. Mas Joel (Surnow, co-criador) está tentando lidar com isso – este é o meu senso – a partir de uma perspectiva empresarial, é só pegar lá fora. Eu não acho que ele quer levá-la para a mídia. Ele só quer que as pessoas vejam-no”, disse ao Zap2it o produtor-executivo do projeto, Howard Gordon, colega de Surnow na concepção da extinta série 24 Horas. “É terrível. É realmente uma vergonha”.
Pior que é mesmo. Em pleno século 21.
Desse jeito, a Romênia do sanguinário Ceaucescu parece estar mudando de endereço.
Em tempo: em 2003, a Showtime conseguiu levar ao ar um telefilme sobre a família do ex-presidente americano Ronald Reagan, após a CBS se recusar a transmití-lo.